Escolhido para representar os alunos da Universidade Federal do São Francisco (Univasf), o estudante do 7º período de engenharia da computação Gleison Ribeiro da Silva, de 24 anos, era só felicidade durante a solenidade ao lado presidente Lula, em Petrolina (Sertão). Gleison conheceu o presidente, discursou, agradeceu pela interiorização do ensino superior. Tudo foi registrado pelas lentes dos fotógrafos.
A história de Gleison foi contada pela repórter Silvia Bessa na edição desta terça-feira do Diario de Pernambuco. Leia abaixo:
Petrolina - O sonho do filho da lavadeira de roupas Francisca Ferreira da Silva e do caminhoneiro Antônio Ribeiro de Sena era tão distante quanto desejado. O estudante do 7º período de engenharia da computação da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) queria estar ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva, apertar a mão dele e agradecer por mudar sua trajetória, dando nova rota a um futuro duvidoso. Até ontem. Geilson Ribeiro da Silva, de 24 anos, acordou cedo, às 6h, nesta segunda-feira. "Antes de sair, tive uma vontade danada de usar a camisa do Brasil. Nem sei porquê", contou. Às 9h, quando chegou no novo prédio da reitoria da Univasf, recebeu a boa notícia. "Você é o cara", anunciou um assessor do reitor José Weber. Uma feliz coincidência - logo ontem, quando Geilson estava vestido de brasileiro. Ele foi escolhido parta contar a sua história no palanque montado para Lula, que vai inaugurar às 17h as novas instalações e equipamentos da Univasf - um investimento da ordem de R$ 18,64 milhões.
Morador do município de Ouricuri (Sertão de Pernambuco), Geilson poderá comemorar hoje a sua vitória com o presidente da República e mostrar aos pais o resultado de um esforço continuado. "Já liguei para minha mãe umas cem vezes para dizer a ela a novidade, mas está difícil de conseguir linha de telefone para ela, em Ouriruri", lamentou, sem esquecer do apoio familiar. O estudante de computação quer subir ao palco no final desta tarde com a mulher e estudante caloura do curso de educação física da Univasf, Mariana Sobral Ribeiro, e com a filha de dois meses, Maria Clara.
Desde o primeiro semestre, o estudante de computação, de origem humilde, conta com a ajuda de custo para alimentação, transporte e moradia. No início, ganhava incentivo financeiro do projeto Conecções de Saberes e, em troca, nos fins de semanas dava aula para outras crianças e jovens carentes que participavam das atividades de um projeto chamado Escola Aberta. Já havia trabalhado com todotipo de bico para garantir o sustento. Hoje, recebe auxílio financeiro do programa Bolsa Permanente, assiste a aulas durante o dia e ainda é estagiário do Núcleo de Tecnologia da Informação da Universidade. Contabiliza cerca de R$ 700 de benefícios. Não é suficiente, mas já pode garantir parte do leite de Maria Clara e manter o entusiasmo para uma vida melhor e promissora.
O dia de hoje é um marco para o filho de dona Francisca e seu Antônio, ex-trabalhadores do campo que foram para a cidade e não chegaram a cursar mais que a 4ª série primária. Geilson Ribeiro da Silva estará lá na frente do palco, para ser visto como beneficiário de um investimento educacional do governo federal que só será contabilizado a longo prazo. Quando ele se formar como engenheiro da computação, Lula não estará na presidência da República. Mas os feitos do também nordestino voltados para a área social não serão esquecidos por milhares de estudantes e pelos que vivem em Petrolina. Só a Univasf tem 4 mil alunos no campus.
Lula talveznão assista à solenidade de formatura de Geilson. Estará na Organizações das Nações Unidas ou andando pelo Brasil para falar de política como prometeu. Lula se fará representado ainda por dona Francisca, seu Antônio e por Mariana. Estes poderão ver de perto o que mudou para Geilson e para outros pernambucanos e nordestinos de uma nova geração, como a pequena Maria Clara.
Da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
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